sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Noticias do desvario pré-natalino...

1. E o circo para o natal já está praticamente armado. Os perus, gorduchinhos, esperam desesperados no corredor da morte. Os trapezistas, os domadores, os palhaços, os pipoqueiros, os motociclistas do globo de arame, os paquidermes, os estelionatários e os comerciantes estão a postos. Abrem suas lojas uma hora antes e as fecham uma hora depois. Dinheiro! Muito dinheiro! É preciso ganhar e guardar dinheiro! Quem conhece o texto de Freud sobre o narcisismo primitivo, não esquece a relação que há entre dinheiro, presentes, erotismo anal, avareza, fezes e neurose... 
Mas Freud? Falar em Freud numa altura destas? Não é demasiadamente tarde e utópico quando tudo já esta dominado?...

2. O vídeo recentemente exibido pelas Teles mostrando a polícia de Goiás torturando presos com choques elétricos, é uma afronta à dignidade até de quem não tem dignidade nenhuma. E isso não é uma prova apenas da cloaca que é nosso Estado e nosso judiciário, mas um retrato em terceira dimensão do ente sádico e criminoso que vive latente dentro de cada um, fardado ou não... Um lampejo e uma chispa de luz sobre nossos dois mil anos de lero-lero, de paralisia, de vinganças e de fracassos...
Falando sobre estes e outros assuntos da atualidade, o mendigo K, mais cético do que nunca a respeito dos anseios e das crenças do populacho e do rebanho, lembrou-me do biólogo russo (Timiriazev, 1843-1920) que, no auge da luta entre materialismo e idealismo, ironizou: "Como é belo o êxtase místico do ignorante, batendo no peito e expressando a sua alegria ajoelhado: 'Eu não entendo! Eu não entendo! Eu não entenderei nunca!" .

3. E por falar em lero-lero, a discussão sobre a "reforma da previdência" não tem mais fim. Quanto mais essa gente fala mais denuncia o abismo que há entre o que se diz e o que se faz. Aposentar-se! Ir para os aposentos! A barriga caída sobre o púbis, os chinelos, o babador, os remédios para a pressão arterial e o tricô! Ou no lugar do tricô as palavras cruzadas! Bah! Que fim miserável! Decadente e melancólico! Sorte que as crianças nem sequer suspeitam daquilo que as espera no 'amanhã'. 
Sem em hipótese nenhuma estar querendo fazer apologia do trabalho e muito menos da permanência nele, é necessário que alguém cochiche aos tímpanos desses pobres velhos (aposentados ou não) aquilo que dizia o filólogo alemão: 'para conservar-se jovem é preciso que a alma não descanse, que a alma não solicite a paz...' 

Um comentário:

  1. https://brasil.elpais.com/brasil/2017/10/27/actualidad/1509085479_135925.html

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