quinta-feira, 31 de agosto de 2017

O Estado, o Supremo e as catacumbas da fé...


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Hoje, 31 de agosto o Supremo, com seus meritíssimos juízes passou o dia inteiro discutindo metafísica. A  relação da igreja com o Estado, a questão da religiosidade e do Estado laico: se o Estado e a igreja devem andar de mãos dadas em público ou só por detrás dos panos, se nas escolas públicas as "tias" devem fazer o sinal da cruz antes de iniciarem uma aula de matemática ou de astrofísica. Se devem induzir sutil e disfarçadamente os alunos a uma determinada seita ou apenas apresentar didaticamente a eles todas as correntes e ideologias metafísicas vigentes, etc, etc. 
Apesar daqueles senhores, com suas capas impecáveis, praticamente todos, já terem passado dos cinquenta anos, discutiam o tema como se fossem neófitos ou como se ignorassem que o assunto já vem sendo discutido mundo afora desde os tempos da pedra lascada... Tratavam da temática com tal sobriedade, como se fosse algo pós-moderno e de extrema complexidade, algo que exige pelo menos mais algumas semanas de exaustiva discussão ou até mesmo uma consulta informal a algum pontífice...
Minha opinião, - respondi a um professor anônimo que gosta de fazer-me questionamentos insólitos - é de que se deva sim, nas escolas públicas e privadas, dar ciência aos alunos do fenômeno religioso no planeta e das características particulares de cada uma das religiões existentes e também, evidentemente, dos estragos que até agora já causaram na personalidade e nos neurônios das massas. 
Mas de que forma seria ministrada essa matéria? Me indagava ele, meio atônito. Por exemplo, lhe respondi de improviso: no Primeiro Grau poderia ser incluída na cadeira de história e no Segundo Grau, na cadeira de psicopatologia
E caso algum dos alunos ou de seus familiares achasse conveniente ampliar seus conhecimentos sobre essas bizarrices? Voltava a interrogar-me ele, em forma de desafio.
Ora, nesse caso, - lhe respondi - as escolas e os professores deveriam estar cultural e mentalmente preparados para também ministrar aulas sobre magia cigana, astrologia azteca, sobre o Tarô mitológico, sobre o Yin e o Yang, sobre o coelhinho da páscoa, sobre a feitiçaria na Europa moderna e inclusive sobre os principais sintomas de um transtorno delirante sem, evidentemente, deixar que isto comprometesse as aulas de matemática, de geografia e da língua materna. Afinal, a constituição garante a todos os cidadãos o direito inabalável de fé e de crença. 








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