sábado, 1 de julho de 2017

Da ambiguidade e do judiciário...


Para ouvir Penélope, clicar no canto esquerdo da faixa...




Esta semana foi pródiga em habeas corpus, sursis, tramóias e desvarios judiciários que ninguém entende. Condenaram, inocentaram, soltaram, voltaram a condenar, substituíram algemas por tornozeleiras, transferiram presos de cubículos imundos e insalubres para apartamentos de 300 metros quadrados e à beira-mar, com vista para o poente que, neste mês de inverno, admitamos, é quase uma obra de arte. Usaram para soltar, os mesmos argumentos que haviam usado dias antes para prender. A Constituição na tela do computador, togas impecáveis, a gerontocracia consolidada, cafezinhos tipo exportação, discursos que fariam inveja a Petrarca e a Cícero. Uma ou outra intriga entre os Juízes Supremos! Mas tudo pantomima para excitar o populacho, nada que comprometa o chá das cinco, a tertúlia das sextas-feiras e muito menos a churrascada no final de semana. E as massas, os 200 milhões de panacas, perdidos por esse imenso território, numa  miséria fdp, e numa ignorância sem fim, assistem a tudo fingindo que querem "justiça". Não têm idéia de que se realmente houvesse justiça aqui nos trópicos, eles próprios mofariam na cadeia. E por falar em cadeia, o que estará pensando o Marcola,  -  trancafiado como uma hiena num presídio de segurança máxima - , ao ver toda essa moleza e toda essa maravilha de  privilégios trocados entre si pelas corriolas?
 E a linguagem se mostra quase indigente. Ao mesmo tempo que a dos juízes e a dos licenciados em direito lembra o catalão ou o latim usado pelos marujos de Camões, a do populacho é uma mistura de grunhidos e de resmungos. Muito difícil formular algum conceito e muito mais difícil ainda entender alguma coisa. Alguém da alta cúpula chegou a citar o livro de Marshall Bermann: Tudo o que é sólido se desmancha no ar. Não entendi a pertinência e nem a intenção da excelência. Mas tudo bem... Afinal, um livro é sempre um livro. O problema essencial é que ainda nem chegamos sequer ao estado de solidez! Que tudo por aqui ainda é gelatinoso! E será que a gelatina se desmancharia no ar? 
E a Constituição - observem - é tratada como um apêndice bíblico. Logo logo começarão a queimar incenso antes de abri-la, como faziam os Brâmanes antes de manipular o Manu. Menos, claro, aqueles que conheceram de perto os Constituintes que a escreveram em 1988.  Aliás, e não se falou mais no velho Ulisses.., não aquele de Penélope (da Ilíada), mas o da dona Mora, aquele que estava no helicóptero que, misteriosamente, despencou aqui nos mares do sul... 
Bah, que atraso de vida!
Mas como diria um charlatão indiano: agora não adianta espernear,! Agora é tarde! Tudo está dominado e este é vosso carma... Uns colocam todas suas esperanças no regresso fictício de J.C., outros, em desespero, continuam esperando Godot...

4 comentários:

  1. http://veja.abril.com.br/brasil/mulher-tenta-invadir-palacio-do-jaburu-nesta-madrugada/

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  2. http://veja.abril.com.br/blog/holofote/a-leitura-do-decano-do-stf/

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  3. Esta noite sonhei com o Mendigo K e o Bazzo, sério! No sonho o Bazzo caminhava ao lado do K parecendo absorvido num diálogo filosófico sobre a vida, e o Mendigo K falava muito, gesticulava; no sonho, eu estava perto e só consegui me lembrar que o Mendigo K falava que a vida era uma espécie de carrossel maluco onde todos nós estávamos sobre os cavalinhos que representavam nossas almas, segundo Mendigo K deveríamos durante o giro do carrossel, nos atirarmos fora do cavalo e do carrossel, e assim nosso espírito se veria livre do carrossel, do cavalo e do cara que controlava o carrossel, que no sonho o K chamava de "Dono do Circo" (ele se reveria a uma espécie de demiurgo)...
    Rogério SF

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  4. https://www.youtube.com/watch?v=AEnXKEpgo7U

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