quinta-feira, 13 de abril de 2017

Análise de um caso -

"Queimemo-los todos, Deus reconhecerá quem é seu"
Manual da inquisição

No principio desta semana Brasília foi cenário de uma história de horror. Encontraram uma criança de mais ou menos seis meses boiando nas águas do Lago Paranoá. 
Quem a teria jogado nas águas? A mídia (falada, escrita, televisionada, de mimeógrafos, de corredores e etc), a policia, as donas de casa, as mulheres que higienizam as sacristias, os astrólogos e o rebanho em geral fingem uma certa indignação com o fato, mas é puro fingimento. Ninguém está nem aí. E a pergunta é geral: quem é a mãe? Curiosamente ninguém quer saber quem é o pai.Vão surgindo boatos, estórias, fantasias, plágios de contos de terror e de fadas. Alguns cínicos até lembram das lendas de Moisés e da de Rômulo e Remo, também jogados e retirados das águas... Só que este já estava morto! Alguém relata que durante vários dias viu uma mulher de uns 35 anos indo de um lado a outro das margens do lago com uma criança no colo, e que tanto a mãe como a criança pareciam famintas e desesperadas... e que depois que a criança apareceu boiando no lago aquela mulher não foi mais vista por lá. As especulações milenaristas e apocalípticas se propagam nos dias seguintes da semana, até que ontem, alguém descobriu a suposta mãe trepada numa árvore e visivelmente fora-de-si. Agora, na polícia, não sabem se vão trancafiá-la num dos presídios que já conhecemos ou num dos manicômios que também já conhecemos. O mendigo K soube dessa história e fez uma análise sociológica do caso para uma trupe de outros mendigos. Dizia: o caso dessa moça é o seguinte:
1. Tem 35 anos. Como não há um programa de controle de natalidade no país (a igreja não permite), teve lá uma transa com seu namorado e engravidou;
2. Como no país os serviços de saúde são quase medievais e não dispõem de condições para as mulheres que querem abortar (a igreja não permite), ela teve que levar a cabo sua gestação.
3. Nasceu-lhe o filhinho. Como faz parte dos 15 milhões de desempregados, e como não há no país nenhum programa de proteção a mães como ela, viu-se sozinha, as tetas murchas, sem leite e faminta;
4. Saiu perambulando por aí, ziguezagueando no meio de ongs, ministérios, catedrais, sindicatos e de instituições filantrópicas, em busca de algum socorro. E nada. Alguém engravatado até chegou a chamá-la de puta vagabunda!
5. Quando começou a perceber que seu filhinho estava ficando mais e mais leve e só nos ossos, viu nas águas poluídas do lago a solução. Agora esta presa. Mandá-la a uma penitenciária ou a um manicômio? Se pergunta o delegado. Ora! Tanto faz! Tanto as penitenciárias como os manicômios são piores que o inferno... 
E ainda terá que ouvir de muitos fdp que é culpada por um crime bárbaro e inafiançável....

2 comentários:

  1. http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2017/04/14/interna_cidadesdf,588404/especialista-nao-avaliar-o-quadro-mental-de-uma-mae-e-um-erro.shtml

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  2. http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2017/04/15/interna_cidadesdf,588580/defesa-pedira-internacao-psiquiatrica-de-mae-que-jogou-bebe-no-lago.shtml

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