sábado, 16 de abril de 2016

política: Sem tesão não há solução!

Hoje encontrei o Mendigo K. em frente ao Congresso Nacional onde centenas de políticos (velhos caquéticos e jovens delirantes) passaram a noite (e ainda estão lá) cacarejando sobre ética, moral, ladroagem, contabilidade, Carta Magna, muito dinheiro, impeachment, lei disso e lei daquilo... um tal de novo governo & de um novo pacto, redenção da pátria!, novos programas sociais (programas sociais?! para mim, ironizou, são só aqueles que as meninas e os travestis fazem ali ao redor do Hotel Nacional lá pelas duas da madrugada)... 
Estava no meio de fanáticos de todos os naipes, de uma esquerda (que não era esquerda, de uma direita que não era direita, de revolucionários que não eram revolucionários, de fascistas que não eram fascistas e etc., e levava um cartaz que dizia: Abaixo esse sistema de merda! 
- "Passei a noite inteira ouvindo os discursos desses  lunáticos e já tenho um diagnóstico pronto: "sem tesão não há solução!" Me disse. Sem tesão não adianta ficar falando em Constituição, em Democracia, em liberdade de expressão, em distribuição de rendas, em acabar com a fome, com a miséria, com o capitalismo...  em um porvir próspero, em fazer estradas, em construir hospitais, retomar os valores da família e de cristo, (e, se for o caso, até de Confúcio!). Manter os alunos dez horas por dia enjaulados em escolinhas de merda, queimar a obra de Bakunin e rever as teses de Platão. Sem tesão é ridículo fazer todo esse espetáculo estatal, essa demagogia partidária, esse burburinho de cinismo maníaco... Ah, agora reequilibraremos as contas! Amanhã tudo voltará ao normal e seremos felizes outra vez! Balelas! Pura e conhecida demagogia! Sem tesão é inútil exigir o impossível dessa turma! Inútil sacralizar os votos, os eleitores, as urnas, o discurso político/religioso! Sem tesão o cara irremediavelmente vira fanático, ingressa numa seita, engorda, lhe cresce a barriga, cai em depressão, se candidata a vereador, depois a senador, reproduz a putaria monárquica em todos os seus atos, passa a vida a mexericar, fica diabético, neurótico, invejoso, surdo, cego, com colesterol alto, com dores nas juntas, com os genitais congelados, com delírios de santidade, começa a emprestar dinheiro à juros, e a propagar que, assim mesmo, a vida é um dom de deus...
Em outras palavras: a fazer parte do rebanho que passa a vida inteira fazendo apologia da servidão voluntária...

2 comentários:

  1. Não saiu meu comentários, repito: me lembro desse autor, já bem velhinho, com um tapa olho tipo pirata (ele tinha um problema sério num dos olhos!), veio morar aqui na minha região, no Sul, em Floripa, morava numa praia meio solitária e longe, o nome da pria era Naufragados, isso quando Florianópolis era um paraíso e tinha o indice de melhor qualidade de vida do país, só que hoje Floripa está um caos, corri de lá faz tempo.

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  2. Praia e não pria, era Naufragados o nome da praia.Imaginem o Freire, o Bazzo e o Ernesto Bono juntos! Se bem que o Bono é mais delirante com aqueles lances de Demiurgo e ETs, mas não deixa de ser ótimo escritor!Pena que os três não são reconhecidos como deveriam, basta lembrar que na lista da Veja estão coisas tipo a biografia do Edir Macedo e a filha dele com aquela coisa de como se dar bem num casamento...

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