segunda-feira, 30 de novembro de 2015

COP 21 - E os hipócritas do planeta desembarcam sorridentes em Paris...



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Com seus guarda-costas e puxa-sacos os líderes mundiais desembarcam pomposamente em Paris para o teatro de mais uma conferência sobre o clima, patrocinada pela ONU. Sem estar lá podemos adivinhar as juras e as promessas de cada um daqueles hipócritas. Podem ter certeza que o lamaçal de Mariana e a morte do Rio Doce estarão futilmente em pauta... Pura demagogia! Seria um grande avanço se algum deles tivesse a coragem de abrir seu discurso com este brilhante fragmento da biografia de  Buñuel:

"Pelas últimas notícias, possuímos agora bombas nucleares suficientes não só para destruir toda a vida sobre a terra, como também para fazer a terra sair da órbita e perder-se, vazia e fria, na imensidão. Isso me parece magnífico, e quase tenho vontade de gritar ‘bravo!’. Uma coisa agora é certa: a ciência é inimiga do homem. Afaga-nos o instinto de onipotência que leva à nossa destruição. A propósito, uma recente pesquisa comprova: dos 700 mil cientistas ‘altamente qualificados’ trabalhando no momento atual, 520 mil tentam aprimorar armas mortíferas, para destruir a humanidade. Apenas 180 mil pesquisam métodos para nossa proteção.
As trombetas do Apocalipse ressoam às nossas portas há alguns anos, e tapamos os ouvidos. Esse novo Apocalipse, como o antigo, galopa ao comando de quatro cavaleiros: a superpopulação (o primeiro de todos, o arauto, o que desfralda o estandarte preto), a ciência, a tecnologia e a informação. Todos os outros males que nos golpeiam não passam de consequências. Sem hesitar, incluo a informação na fileira dos cavaleiros funestos. O último roteiro no qual trabalhei, mas que nunca poderei realizar, repousa numa tríplice cumplicidade: ciência, terrorismo, informação. Essa última, apresentada em geral como uma conquista, como um benefício, às vezes até mesmo como um ‘direito’, talvez seja na realidade o mais pernicioso de nossos cavaleiros, pois segue de perto os outros três e alimenta-se exclusivamente de suas ruínas. Se uma flecha viesse a abatê-lo, logo se produziria uma trégua no ataque a que nos vemos submetidos.
Sinto-me tão profundamente chocado com a explosão demográfica que disse com frequência – inclusive neste livro – que sonho muitas vezes com uma catástrofe planetária que eliminaria 2 milhões de habitantes, ainda que eu fizesse parte deles. Acrescento que essa catástrofe só teria sentido e valor aos meus olhos se fosse uma catástrofe natural, terremoto, flagelo inaudito, vírus devastador e invencível. Respeito e admiro as forças naturais. Mas não suporto os fabricantes de desastres que diariamente cavam nossa vala comum nos dizendo, criminosos hipócritas: ‘Impossível fazer de outra forma’.
Imaginativamente, para mim a vida humana não tem mais valor que a de uma mosca. Na prática, respeito toda vida, inclusive a da mosca, animal tão enigmático e admirável como uma fada".

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Curso stricto sensu sobre cunnilingus...

Acabo de receber do mendigo K. uma matéria de jornal, no mínimo excêntrica e exótica. Veja título abaixo. Trata-se de um curso stricto sensu sobre a prática do cunnilingus ou, como se diz
domesticamente, sexo oral em mulheres. (Em Portugal essa prática é conhecida por minete). O tal curso já aconteceu na cidade de Salvador, (Associação Baiana de Medicina) com casa cheia, e se repetirá em MG, sem data definida. Que tal? Eis aí, para quem não sabe, o que é a pós-modernidade. E observem como (a exemplo de Roma, Amsterdam, Salvador e MG) quanto mais igrejas tem um país, um estado ou uma cidade, mais libertino é seu povo. Maiores informações sobre métodos pedagógicos, inscrições, bibliografia, aulas práticas, marca de sabonetes e etc, poderão ser conferidos no link abaixo. É bem provável que a professora que ministrará o curso recomende a seus alunos a leitura do livreto de 214 páginas do respeitável etnólogo e psicanalista húngaro Georges Devereux: BAUBO - la vulva mítica. (muchas gracias al mendigo K.)


http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2015/11/26/noticia_saudeplena,155698/minas-recebera-curso-de-sexo-oral-para-homens-que-lotou-turma-em-salva.shtml

PROPAGANDA/PUBLICIDADE DESLEAL & FRAUDULENTA...

Em suas lutas sociais contra a violência e outras brutalidades, as mulheres deveriam negar-se a usar as imagens e os cartazes abaixo, produzidas em computador por um babaca desconhecido, pois elas são falsificações e podem provocar até nos mais esclarecidos ao invés de uma aura pacifista, surtos de cólera e de violência...
Além do que, é também uma fraude irresponsável e uma fantasia infanto-juvenil garantir que "a vida pode ser um conto de fadas se você quebrar o silêncio", como diz o babaca em seus cartazes. (Enfim, só para ativar os neurônios, vale a pena dar uma relida no livro A propaganda é um cadáver que nos sorri, do Oliviero Toscani).









Enquanto isto, nas praças públicas...

"Vinde a mim, eu sou o único que não os engana! Um sustenta que não existe corpos e que tudo é representação, o outro, que não existe nada além da matéria, nem outros deuses que o mundo. Este assegura que não existe nem virtudes, nem vícios e que o bem e o mal morais são quimeras, e aquele outro jura que os homens são lobos que podem devorar-se com a consciência tranquila. Oh grandes filósofos! Porque não reservais estas proveitosas lições para vossos amigos e para vossos filhos?"
Rousseau





quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A volta da inquisição! Mas logo elas, que eram queimadas vivas!

(clique na ponta esquerda para ouvir a música)





Confesso que já ouvi muitas verdades, muitas inverdades e muitas injúrias contra as mulheres, e não necessariamente vindas de misóginos: (malucas, histéricas, frígidas, oportunistas,  misandristas, piranhas, encrenqueiras, retardadas, fofoqueiras, vacas, caçadoras de dotes e de heranças, fuxiqueiras, hipocondríacas, filicidas, traidoras, beatas, infantilóides, hereges, feiticeiras, víboras reacionárias, chantagistas, ninfomaníacas, perversas, coitofobicas e etc)., mas esse movimento (feminino!) que agora quer descarada e oficialmente transformá-las em delatoras, alcaguetes e em dedo-duro, incitando-as a "denunciar os amigos "machistas" e etc, ah, isto é o cúmulo do cúmulo! E não precisa nem ser alfabetizado para perceber que isto é uma infâmia que cheira ao Santo Ofício! Uma infâmia das mais grosseiras e repugnantes! Denunciar a quem, afinal? Quem seria agora o inquisidor? Ou a inquisidora? O martelo dos hereges? O Torquemada da república? Ora, é impossível ler a matéria (abaixo) sem sentir o tremular das labaredas da inquisição onde, por ironia, elas próprias (as mulheres) eram queimadas vivas, bastava que alguém as denunciasse ou que fossem surpreendidas em casa com um gato preto ou com um ramo de arruda (ainda não existiam os vibradores!)... 
Enfim, este projeto idealizado por algumas debilóides é uma empreitada tão fascista, tão imbecil e tão opressora como se um grupo de homens bobalhões e delirantes começassem a "denunciar" suas amigas "feministas"
Tomara que as mais queridas (pelo menos) e as mais lúcidas não caiam nessa armadilha! Porque senão, estariam oficializando aquilo que o Corão, a Bíblia e outros livros seculares as vêm brutalmente acusando desde séculos...
(Veja matéria jornalística abaixo).


#meuamigosecreto: mulheres fazem campanha para denunciar "amigos" machistas

Mulheres de todas as partes do Brasil aproveitaram o fim de ano, época da tradicional brincadeira do Amigo Oculto, para denunciar pessoas de seus convívios sociais que, para elas, têm comportamento machista. Pela tag #meuamigosecreto, elas se uniram nas redes sociais para relatar, por exemplo, casos de discriminação, racismo e homofobia.
“Se diz feminista mas usa o fato de ser professor pra pegar aluna menor de idade”, publicou uma usuária no Twitter. “Ama curtir fotos de mulheres com decote e shortinho mas a namorada dele não pode tirar foto assim”, postou outra mulher.


A ex-deputada federal pelo Rio Grande do Sul e ex-candidata à presidência da República em 2014, Luciana Genro (PSOL), também aderiu à campanha. 
As denúncias também ocorreram pelo Facebook. “Acha exagero que "só um fiu-fiu" nos enoje tanto. "se não quer escutar, coloque uma roupa que chame menos atenção", comentou uma mulher na rede.
(Ver Correio Braziliense de hoje)

domingo, 22 de novembro de 2015

Você deixaria sua avó sair com um Rolling Stone? (El Pais de hoje)


Minha casa, minha vida... (Libération de hoje)









Sem palavras ou: como a vida é bela!!!



Como dizia Ravachol no período em que ficou preso e antes de ser guilhotinado: "Roubar os ricos é um dever dos pobres para livrar-se de viver como bestas. Morrer de fome é covarde e degradante".  In: Los anarquistas 2 / La prática. Seleción y prologo de Irving Louis Horowitz, Alianza Editorial Madrid, 1964. p.98
"O riso é satânico, portanto, ele é profundamente humano..."
C. Baudelaire

sábado, 21 de novembro de 2015

Vejam como a miséria humana não tem limites...

Para justificar a grana que o SESC investiu nesses idiotas seria importante que no ato final da "peça" esses coprófagos aparecessem chupando os dedos...

 

As outras partes do mundo têm os macacos, o Brasil tem os brasileiros (parafraseando a Schopenhauer)...

Lições musicais/Atoladinha - porque hoje é sábado...

NUDEZ - em Brasília começa-se a abolir a roupa nos ônibus...




Aproveito para tornar pública esta elegante crônica de Nelson Rodrigues cujo título é justamente a NUDEZ
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"Meu Deus, se alguém me perguntasse o que há de mais patético no ser humano, daria a seguinte resposta fulminante: — “A nudez”. Para mim, não há nudez intranscendente. Explicarei, mais adiante, por que um vago decote pode comprometer ao infinito. Mas o que me importa, de momento, é contar o grande espanto de minha infância.
Recentemente, no Correio da Manhã, o Paulo Francis falava na “demência insuportável” de Dostoievski. De acordo, e daí? Outro “demente insuportável”, e de rasgar dinheiro, seria Tolstoi. E ainda outro, que também podia ser amarrado num pé de mesa, o Shakespeare de Ricardo III. Só o Pedro Calmon não é demente. (Estou divagando outra vez, e desculpem.) Eis o que eu queria dizer: — a palavra “demência” levou-me a uma loucura antiga, nada literária e, até, analfabeta. Vejamos. Já contei umas dez vezes que minha família morava na rua Alegre, Aldeia Campista, ao lado de uma farmácia. Na esquina, à esquerda da minha casa, residia um parente do marechal Hermes da Fonseca. E, ao lado, havia uma cabeça-de-porco.
Morava aí, com a mãe, por sinal lavadeira, uma moça, dos seus 25, trinta anos. A velha era portuguesa e a filha, não sei.
Era a doida da rua, do bairro. Não gritava, não agredia nem falava. Ficava no quarto, dia e noite; e eu ouvia dizer que “tomava banho de bacia”, com a mãe ensaboando, esfregando e berrando: “Fica quieta, fica quieta!”. Dizia-se também que a demente tinha horror de banho (também não sei).
Em torno dessa loucura, fora montado todo um folclore; e, de vez em quando, vinha uma comadre e acrescentava mais uma fantasia. Certa vez, ouvi uma conversa de vizinhas. Uma das mexeriqueiras contou que a louca, nas noites quentes (ou frias, sei lá), tirava a roupa, tudo. E ia assim, nua, até de manhã. De manhã, a portuguesa acordava e metia-lhe o chinelo.
Eu ouvi a história, de olho grande. Por muitos dias e muitas noites aquilo não me saiu da cabeça. Imaginava a nudez insone, nudez delirante, rodando pelo quarto.
Agora vem o tal grande espanto da minha infância. Eu já fizera sete anos, e estava na escola pública. Alguns alunos levavam merendas suntuárias. Lembro-me de um deles comendo pão com ovo. Pão com ovo! E a gema pendia-lhe do beiço, como uma baba amarela. Aquilo me apunhalava de inveja. Mas voltando à filha da lavadeira: — eu sentia pela demente um certo encanto apavorado. Em casa, as tias avisavam: — “Não vai lá! Não vai lá!”. Mas eu escapulia e, com pouco mais, estava brincando com os meninos da casa de cômodos. Até que tomei coragem.
Tomei coragem, passei a mão no trinco e empurrei a porta. Passei lá um segundo fulminante. Mas vi. A louca estava no fundo do quarto, encostada à parede — e nua. Completamente nua. Essa imagem de nudez acuada está, ainda agora, neste momento, diante de mim. Não esperei mais. Corri. Entrei em casa tão branco que alguém perguntou: — “O que é que você tem, menino?”. Disse, se é que disse: — “Nada, não”. Meti-me na cama; debaixo do lençol, tiritava de vergonha, pena, medo e, também, nojo. De repente, o mundo se enchia de nus. Cada qual tinha a sua nudez obrigatória. As donas da rua, se tirassem a roupa toda, estariam nuas como a filha da lavadeira.
Isso aconteceu em 1918, por aí. Um domingo, trinta e tantos anos depois, estou no portão. E ouço uma vizinha perguntar a outra vizinha, de janela a janela:
— Sabe quem morreu? A Marilyn Monroe.
— Morreu?
— O rádio está dando.
— Desastre?
— Suicídio.
Ora, quem se mata tem, automaticamente, o meu amor. E, além disso, prefiro as neuróticas (mais tarde direi por quê). Saí do portão, fui comprar cigarros e só pensava na suicida. Na sua adolescência, Marilyn posou nua para uma folhinha. E esse impudor mercenário foi, ao mesmo tempo, de uma fulminante eficácia promocional. Do dia para a noite, ela se tornou célebre: — célebre e nua, célebre porque se despira. Daí para Hollywood, a distância seria um milímetro.
A folhinha correu mundo. Foi desejada em todos os idiomas. Nos botecos de Bombaim, ou do Cairo, ou de Cingapura, os paus-d’água sonhavam com o frescor implacável de sua nudez. Ao mesmo tempo, ela se tornava uma grande atriz. Trabalhou com sir Laurence Olivier. Não sei se antes ou depois, casou-se com Arthur Miller. Pouco importava o marido, o homem; o que a fascinou foi o grande dramaturgo (falso grande dramaturgo e pulha da pior espécie).
Tudo espantosamente inútil. Se ela fosse nomeada rainha da Inglaterra, ou promovida a madame Curie, ou carregada num andor — daria no mesmo. Nenhuma coroa, nenhuma estrela, nenhum manto — nada a salvaria de sua própria nudez.
Até que, num sábado, ou num domingo, ela se matou. A besta do Arthur Miller não entendeu nada. Fez uma peça infame. De seu texto, salva-se apenas uma única e escassa passagem. É quando Marilyn Monroe, de quatro, berra: — “Eu queria ser maravilhosa! Eu queria ser maravilhosa!”. Para morrer, Marilyn despiu-se como na folhinha. E morreu nua. Morreu folhinha.
Quero que vocês me entendam. São dois nus justapostos: — a demente de Aldeia Campista e a estrela de Hollywood. Essa relação é de uma nitidez apavorante, sem nenhum mistério. Não importa que uma seja doida e a outra não. Ou por outra: — que uma seja doida e a outra também. Na minha memória, uma e outra estão unidas como se fossem (Deus me livre) duas lésbicas. E há uma terceira figura que acho igualmente desesperadora.
A do biquíni. Sou um obsessivo e houve alguém, se não me engano, o Cláudio Mello e Sousa, que me chamou de “flor de obsessão”. Exato, exato, e graças a Deus. O que dá ao homem um mínimo de unidade interior é a soma de suas obsessões. Pois o biquíni é o meu cotidiano espanto. Todos os dias, o meu táxi vai do Forte ao Leme, seguindo a mesma orla de umbigos.
Não sei qual das três é a mais humilhada: — a louca da rua Alegre, Marilyn Monroe ou a moça do biquíni. Diria que a atriz merece a desculpa apiedada do impudor mercenário. Posso até insinuar que foi a ordem capitalista que a despiu. Mas o biquíni é a folhinha de graça, a folhinha não gratificada, a folhinha sem cachê.
Sei que, falando assim, lembro, talvez, o pastor de Chuva, antes do pecado. Não faz mal. Vivo a dizer que considero o ridículo uma das minhas dimensões mais válidas. O medo do ridículo gera as piores doenças psicológicas. Mas falei, falei, e não estava dizendo o essencial. Ouçam:
— Marilyn Monroe morreu porque se despiu sem amor. E aí está a palavra: — amor, amor. Foi o remorso, foi a humilhação da nudez sem amor. Só o ser amado tem o direito de olhar um simples decote. É apenas um decote, mas só o ser amado pode olhar a linha nítida, tão nítida, que separa os seios".

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

O SER E O NADA - Paris continuará sendo uma festa...


















"Aquele que não conhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece e diz que é mentira, este é um criminoso". 
Bertolt Brecht 

Prestem atenção como os desvairados atentados em Paris causaram muito mais desolação entre os pequenos burgueses que entre outros tipos de mortais. Ouvi hoje pela manhã duas moças quase em prantos porque tiveram que cancelar suas viagens a Paris. E Paris, para elas, entenda-se bem, quer dizer Galerie Lafayette, sapatarias de Saint Germain des-prés e Café de Flore onde o velho Sartre e a malandra Simone gostavam de passar suas idílicas tardes. Possivelmente não tenham nem notícias do Ser e o nada, mas isso é puro onanismo intelectual e depois, por parte delas, a mise-en-scéne é inevitável. 
Mas todas as previsões em contrário são bobagens: Paris continuará sendo uma festa. Com seus neuróticos bouquinistes mascando charutos às margens do Sena e com seus bateaux mouches lotados de turistas quase beócios... Cada um com seu celular ou com sua câmera clicando para todos os lados... Os terroristas serão fuzilados um a um e os que sobrarem, eles próprios se explodirão e tudo voltará à beleza, ao tédio e à melancolia de sempre".

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Onde tem um banheiro por aqui moço???

"Existem muitas coisas que eu, de uma vez por todas, não quero saber. A sabedoria fixa limites, inclusive ao conhecimento..."
F. Nietzsche


Quem esteve na Esplanada dos ministérios ontem à tarde, na hora da manifestação das mulheres negras pôde assistir indignado a uma cena insólita: três daquelas senhoras na portaria de um ministério implorando a um guardinha de bosta para usar o banheiro e ele, valendo-se do cassetete e do micro-poder que a república lhe concede sendo irredutível.

A questão da ausência de banheiros públicos aqui na capital do país é um assunto crônico que vem sendo "discutido" e "planejado" desde quando Brasília ainda nem havia sido inaugurada (há uns cinquenta e tantos anos) e nenhum dos gatunos que passou por este vilarejo travestido de cidade teve bagos para resolvê-lo. Quem estiver na rua e precisar dar uma mijada ou algo mais sério (e não estiver usando fraldas) está perdido. Sei que inconscientemente essa sociedade hipócrita gostaria de negar e de esquecer dessas vis necessidades, (cagar e mijar) uma vez que elas abalam nossa vaidade e nossos delírios de grandeza e de transcendência, mas, convenhamos, já é hora de abandonar o pueril Princípio do prazer e ingressar no Princípio da realidade... 
E depois, quem já leu Milan Kundera deve lembrar-se da parte onde ele afirma que: "a merda é um problema teológico mais penoso que o mal. Deus dá a liberdade ao homem e podemos até admitir que ele não seja o responsável pelos crimes da humanidade, mas a responsabilidade pela merda cabe inteiramente àquele que criou o homem, somente a ele..."

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Sem preconceito com os jumentos: mas só nos faltava essa...

Como diz Jankélévitch: [Hay que dar nombre a lo que no tiene nombre, a lo que es impalpable... Ése es, a fin de cuentas, el oficio de los filósofos e de la filosofia...]


Exportadores de asnos!? Só nos faltava essa!!!
Esta circulando uma noticia pra lá de bizarra na mídia de hoje. A China (logo a China!) quer importar do Brasil um milhão de jegues por ano. A noticia não diz para quê, mas como na China se come de tudo: cobras, gafanhotos, aranhas, escorpiões, cachorros, formigas, ratos, elefantes e etc, é bem provável que nossos pobres e valentes jumentos, acostumados na boa vida aqui nos trópicos, a curto ou a médio prazo também terão um destino bem 
trágico por lá. 
Obs: Este pode ser um motivo a mais para se ler O asno de ouro de Lucius Apuleio .

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Os atentados de Paris interpretados pelo mendigo K...

Atravessei a cidade para encontrar o mendigo K. 
Estava na parte inferior do aeroporto ao lado de uma velhinha que há décadas fica por lá com um véu enrolado na cabeça recitando aos passageiros partes de uma antiga bíblia adventista. Queria saber suas impressões sobre os atentados em Paris e ele expressou-se pronta e solenemente:
- Por enquanto só ouvi por aqui dois tipos de manifestações, uma  tão idiota quanto a outra: uma que justifica os atentados e outra que se manifesta beatamente em repúdio a eles. Ambas puramente emocionais e suspeitas, sem fundamento algum. Ora! Quem é que não sabe que essas posturas são muito pobres e muito medíocres! Que não agregam nenhum tipo de reflexão ou de esclarecimento sobre o assunto. Que são manifestações de bobalhões que ainda estão na época do 8 ou 80!, sem lembrarem que entre esses dois números existem outros 72? De babacões que estão ainda na fase do comigo é branco ou preto!, sem terem consciência que entre o branco e o preto existem centenas de outras cores...
É quase inacreditável que ninguém queira ouvir os terroristas! 
Mesmo que seja por uma curiosidade mórbida, é fundamental dar-lhes a palavra, ao invés de simplesmente querer caçá-los, matá-los e bani-los do mapa.
Seria fundamental - aumentou o volume da voz porque a velhinha começou a recitar um texto sobre J. Iscarioti - levá-los às principais universidades do mundo (mesmo que algemados) para que expliquem as razões, os motivos, e as justificativas para seus ataques. Pois pode ser que tenham coisas a nos revelar que nem fazemos idéia!!! Os árabes/muçulmanos e seus descendentes, que praticamente foram quem inventaram o papiro, os perfumes, os meios de navegação, a álgebra (Mohammed Ben Musa), a câmera fotográfica, e etc, é evidente que devem ter muito mais a dizer ao mundo além de seu simples e desesperado grito de

Allahu Akbar (Alá é Grande!) Inclusive as primeiras tentativas de criar um aparelho que voasse - é  bom que se saiba - não têm nada a ver com os irmãos Wright e muito menos com o pobre Santos Dumont (que se enforcou com uma gravata num hotel de Santos) mas sim com o muçulmano Abbas ibn Firmas. Até o xampu foram eles que inventaram e mesmo muitos detalhes das catedrais góticas européias foram inspiradas na arquitetura islâmica.

Enfim, levando esses terroristas a conferenciar pelo mundo a fora, se teria a chance de saber verdadeiramente o que pensam e o que sentem e talvez até descobrir que fundamentam suas atrocidades apenas num mal-entendido. 
Ou então, admitindo que possam provar que possuem motivos e razões sócio históricas reais que justificam essa tentativa obsessiva de acerto de contas com o ocidente, que este as reconheça de imediato, peça desculpas e repare imediatamente os danos... Ou então que aguente as consequências... 
Completou esta última frase com soberba e virou-se para a velhinha que ainda "louvava a deus" e cochichou: eis aí tanto a causa como o resultado da demência...

As 10 estações de metrô mais espetaculares do mundo (Segundo o Libération de hoje)











sábado, 14 de novembro de 2015

Não foi por acaso que no Egito, no Peru e no México se cultuou severamente ao sol... (ver Mircea Eliade - Tratado de história das religiões, p. 161)

O BATACLAN (Bataclã) DE PARIS...

 Só se perdoa o imperdoável, pois o perdoável já está perdoado.” 

Jacques Derrida


Além do horror natural, duas palavras me intrigaram no contexto da chacina ocorrida ontem na França: o nome da casa noturna e a promessa do presidente da República de que esse ato é imperdoável.
Especula-se que talvez os terroristas tenham escolhido para uma de suas chacinas a casa noturna Bataclan, exatamente por aquilo que seu nome significa: puteiro, cabaré, casa da luz vermelha, lugar de infiéis e de vícios carnais e etc. Pelo menos assim o traduziu o xarope Jorge Amado em um de seus livros. A Bataclan que já existiu aqui em Brasília e aquela famosa do Rio (Galeria Alasca) o comprovam. Mas são tantos os puteiros com outros nomes!
Já a respeito da frase do Sr. presidente, se se acredita naquilo que diz Jacques Derrida, que só se perdoa o imperdoável, os terroristas podem ficar tranquilos que a curto prazo obterão o perdão de todos.
Mas o que mais me intriga nisso tudo é o seguinte paradoxo: dizem que para o muçulmano que matar ou morrer para defender sua fé, está garantido no paraíso o prêmio de sete ou oito virgens. Tudo bem, mas depois do estresse que devem passar antes e depois dos ataques e de ainda se explodirem com dinamite, como é que conseguem chegar ao paraíso estressados e aos pedaços e ainda dar "conta do recado", se eu, pelo simples fato de ir ao banco buscar meu extrato já fico broxa por, pelo menos, uma semana?
Enfim, apesar de tudo, nada de elucubrações mirabolantes e de ilusões, pois como nos lembra a velha portuguesa Agustina Bessa-Luíz: a competição é só civilizatória enquanto estímulo, como pretexto de abater a concorrência. Em outras palavras, é uma sutil contribuição para com a barbárie...



quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Amor de mãe - "Te amo filho. Fostes um grande delinquente! Ninguém poderá imitar-te.




Dicen que no hay como el amor de una madre. Y el caso de una mujer de Mendoza parece ser el ejemplo perfecto: aturdida por la muerte de su hijo, que fue asesinado días atrás, una mujer decidió despedirse de él en su cuenta de Facebook. Y lo hizo con un mensaje polémico. “Te amo, fuiste un gran delincuente”, le escribió.
La autora de la insólita frase es la madre de Juan Roberto Sambrano, un delincuente de 30 años conocido en Mendoza con el apodo de “Tarántula”.  Tenía un largo prontuario: entre otras causas, estuvo detenido por tenencia de armas de fuego y por el delito de secuestro extorsivo.
En su perfil de Facebook, la mujer escribió un breve texto para despedirse del joven. "Que Bueno Mi Hijo Jaja Tenia Lo Que El Mas Queria Sus Fierros En El Cajon Como Te Burlaste De La Policia Se Quedaron Con Las Ganas De Tener Lo Que Vos Teniias Hijo Jaja Pobres Ilusos Nunka Van A Tener Lo Que Voz Te Llevaste Te Amo Hijo Fuiste Un Gran Delincuente Nadie Te Va A Poder Imitar Te Amo Hijo (sic)".

Noticia publicada no Clarin de Buenos Aires (hoje)


A anã do Ratinho... Se não podes ser minha mulher, serás minha árvore sagrada...



Observação: Claro que o Ratinho não sabia nada disso e nem sequer com quem estava falando...







NOSSO VESÚVIO É DE PUTARIA POLÍTICA E DE LAMA! Ou: O que dizer a esse cavalo?

O fim de Pompéia e o fim de Mariana... Mas relaxem, relaxem e recolham os cadáveres que logo logo a UNESCO transformará a região em Patrimônio cultural da humanidade...





quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Condomínio / Sendomínio

Toda a palavra pronunciada é falsa. Toda a palavra escrita é falsa. Toda a palavra é falsa. Mas o que existe sem palavras?
Elias Canetti



Todo mundo pensa romanticamente que Brasília é a Capital do Ipê, (branco, amarelo, lilás e etc) mas não é bem assim não, ela é mais a Capital dos condomínios do que outra coisa e mais um projeto de urbe presidido solenemente por síndicos. Síndicos quase sempre jovens, afetados e dispostos a "vencer na vida" a qualquer custo que passam o tempo das reuniões nos celulares ou então por velhotes aposentados que entre uma "pauta" e outra vão ao banheiro tomar uma segunda dose de Losartana Potássica.
Ontem passei das 8 à meia noite numa dessas reuniões que inicialmente, pela linguagem e pelo teatro até se parecia às do STF ou às da FAO, mas que logo descambou para uma lenga-lenga de boteco que não tinha fim. Naquelas 4 horas de lamentações, de pompas e de um delirante onanismo coletivo para que vejam, não conseguimos sequer decidir a cor e nem o tamanho do trinco de um portal em ruínas... 
Ah!, aquilo sim que é um "laboratório" perfeito para se entender  tanto as armadilhas das palavras, como as razões de nosso naufrágio como país e, claro, as razões de nossa desgraça como pessoas. Mesmo travestida com aquele jeito de STF ou de reunião de sindicato (com alguém insistentemente levantando o braço e repetindo: "por uma questão de ordem, Sr. presidente"), nenhuma fala conseguia chegar ao fim e era muito mais um desvario de monólogos do que um diálogo. 
E a questão do trinco (a única coisa que me interessava) até que estava sempre presente, mas apenas como álibi, uma vez que as discussões logo descambavam para a prestação de contas dos síndicos anteriores ou até mesmo para uma possível e futura sindicância a respeito da quantidade de sal e de bacalhau gasta por Cristóvão Colombo em suas últimas e suicidas andanças pelos mares do sul.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

O silêncio feminino sobre a pesquisa inglesa que diz que todas as mulheres são lésbicas ou bissexuais...

Talvez seja meu "machismo" ou minha ignorância, mas confesso que depois da notícia de sábado de que uma pesquisa realizada na Universidade de Essex (na Inglaterra e não em Pirenópolis) havia comprovado que não existem mulheres heterossexuais e que todas são ou gays ou bissexuais (ver artigo neste blog, post de sábado), achei que haveria naturalmente nas ruas, na cobertura dos prédios e na porta dos jornais uma enxurrada de manifestações femininas a respeito (pelo menos das fiéis e sóbrias donas de casa). Umas, naturalmente felizes, outras mais ou menos, outras muito pelo contrário etc. Mas nada. Silêncio total. Os protocolos do tabu! Até a mídia ficou surpresa. Nos botecos e na portaria dos prédios apenas alguns homens, uns cretinos, outros nem tanto, de todas as idades estes sim boquiabertos e desesperados com a "novidade", mais ou menos como se de uma hora para outra alguém lhes dissesse que a terra é triangular... e nada mais. 
A partir dessa pesquisa, tanto a peça de Aristófanes: Lisístrata, a greve do sexo, como o livro de Gaby Hauptmann: Cherche homme impuissante pour relation longue durée (procura-se homem impotente para relação duradoura), podem ser agora melhor interpretados e compreendidos. Sem falar da clássica e polêmica pergunta de Freud:  "O que quer uma mulher?" 
  

    "A grande questão que resta sem resposta - escreve Freud a uma colega psicanalista - à qual eu mesmo jamais pude responder malgrado meus trinta anos de estudos da alma feminina: o que quer uma mulher?"  

Pergunta que agora, depois da pesquisa inglesa, quem sabe?, possa até ser facilmente respondida:

É ridículo viver num mundo miserável onde existe um fdp que dispõe de 170 milhões de dólares para dar a uma pintura...