sábado, 9 de novembro de 2013

Eu fodo a sociedade, mas ela me retribui amplamente... (escrito nos muros de Paris)

E a corrupção pipoca por todos os lados! Poderíamos citar uns cinquenta ou cem nomes que já são até nacionalmente emblemáticos e que continuam por aí dando ordens, engendrando leis, indicando afiliados, sendo paparicados, bebendo bons vinhos, dando até receitas de longevidade e cagando para a opinião pública.  Por mais que você se desespere leitor e idealista compatriota, não há solução! 
Viver em Brasília tem pelo menos esta vantagem. Daqui se assiste a toda a movimentação que ocorre a cada novo governo. Daqui se pode  acompanhar os vagalhões de vivaldinos e as levas de cabos eleitorais que chegam de mala e cuia para assumir "cargos de confiança" e para "assessorar" este ou aquele novo mandatário. Já assisti a vinda dos do Maranhão, dos de Minas, dos de Alagoas, dos de SP, RJ, SC, etc, etc. E quase sempre são modestos eleitores, quase sempre indigentes cabos eleitorais, malandros, puxa-sacos, analfabetos suburbanos e crônicos que não têm a mínima noção da administração pública e do Estado, que não sabem fazer um memorando, que nunca redigiram um ofício, que não têm a menor idéia dos limites e das fronteiras do território nacional e muito menos da ética burocrática... Chegam como uns verdadeiros manés mas, rápidos no gatilho, logo vão se travestindo.  
Quem está há décadas, quase mofando atrás dos birôs da república, os conhecidos barnabés, sabem que a melhor coisa a fazer com esses novos predadores é passar-lhes depressa as dicas e as  espertezas-do-poder se não quiserem ser marginalizados,  ameaçados, prejudicados e acossados moralmente. 
E começam então a dar ordens! A burlar a lei, a fazer contratos escusos e clandestinos, a incluir os parentes na máquina estatal, a colocar a amante como chefe aqui e acolá, a abrir firmas fantasmas, a fazer contratos e viagens internacionais, a criar uma rede de escrocs que articula sujeitos lá do município, com sujeitos lá do estado com os daqui... enfim, a desfrutar plenamente de toda a putaria e de todas as vantagens que um apadrinhado tem e que todos os que estavam no poder antes dele já desfrutavam. Plantam cupinchas em diversas áreas e, conforme os orçamentos, fazem rodízios entre eles, dando aos ingênuos a impressão de que algo está mudando. Um espetáculo vil e mais asqueroso que o das antigas monarquias! E ninguém dá um pio. Os bancos e as agencias de automóveis logo os convidam para um cafezinho. As meninas de programas logo fazem chegar até eles suas fotos e seus preços... Os líderes religiosos os convocam para uma benção coletiva... Suas mulheres não saem do Iguatemi. Começam a andar de lancha no lago e a bebericar vodka na beirada das piscinas antes de ir para o escritório. Sabe com quem está falando! E todos os fins de semana estão na ala VIP (Very important person) do aeroporto. Felizes, o button do partido na lapela, cuequinhas de seda, os cabelos tratados pelo melhor cabeleireiro da city. E na outra semana, já de volta, os vemos por aí recepcionando as caravanas de sua região, gente do partido e gente da família que vêm conhecer o planalto, o Congresso Nacional, rezar uma Ave Maria na Catedral do ateu Niemayer, felicitar os novos senhores da República, andar descalços no Templo da Boa Vontade e pedir favores como fazem anualmente lá em Aparecida do Norte. Mesmo sem conhecerem muito bem a cidade, vão ciceroneando a turma por aí como se tivessem trabalhado com Lúcio Costa nos projetos. Levam dois ou três lacaios na retaguarda, todos empregados por eles, para deixar claro aos visitantes o poder que agora têm, o quanto subiram na pirâmide e que agora quem dá as cartas são eles etc. Recebem várias ligações de correligionários durante o trajeto a quem fazem questão de atender assim: e aí Presidente! E aí Senador! E a manada que vai submissa registra tudo, meio orgulhosa, meio invejosa. Quando crescer quer ser como eles. Distribuem cartões. Chefe de gabinete! Assessor especial! Diretor master! Secretario Geral! Membro da Comissão Y. Tesoureiro do partido! Um vai a Washington no mês que vem participar de uma reunião da FAO e na volta dará uma paradinha na Disneylândia e em Havana. O outro já prometeu levar a esposa para ver a Torre Heiffel... Um verdadeiro horror tribal! E não há solução

2 comentários:

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  2. O que não falta ao nosso redor é o orgulho de quem sente-se em grande vantagem pelas "conquistas" duvidosas... não falta quem faça publicidade de si mesmo nas redes sociais, em fotos ao lado de ministros, senadores, deputados, grandes empresários e "gente influente". Não falta ao nosso redor quem sinta um prazer absurdo em tornar pública a ideia de que o que vale é o que temos e não o que somos... Putz... nem falar.... e as máscaras sociais multiplicam-se, e o cotidiano obriga vc se sentir um nada por estar fora do molde.
    E assim caminha a humanidade... quem pudera viver uma realidade branda, sem tanta ostentação.

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