segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O cérebro carcomido da sociedade... Ou, a dialética da bala...

Acompanhar as inúmeras reuniões de ministros, governadores, delegados, especialistas, alcaguetes, palpiteiros etc., e suas elucubrações na definição de estratégias para conter a mortandade em São Paulo é quase como assistir uma acalorada comédia stand up. Se no momento o foco está sendo posto sobre aquela cidade, não quer dizer que qualquer outro lugar do país que se elegesse estaria em situação diferente. Se essas digníssimas autoridades transitassem dois ou três dias aqui pela periferia do DF, numa cidadela chamada Valparaíso - por exemplo - passariam a ter vergonha de seguirem com suas "hipóteses" e com suas "teorias" fajutas a respeito da violência e, bem mais ainda, de estarem tratando a criminália paulista como sendo um barbarismo de exceção...
E não há solução! Façam o que fizerem, não há solução! Agora é tarde! Podem colocar os tanques nas favelas, infestar as cidades de policias e de câmeras, infiltrar os "serviços de inteligência" por todos os becos, dos mais fétidos aos mais luxuosos, construir penitenciárias de trinta andares, intoxicar o país ainda mais com pistoleiros de aluguel e com vigias particulares... Nada conterá os milhares e os milhões de crianças e de adolescentes que, por negligência estatal, por psicopatia política e pelo consentimento de uma sociedade paranoica, nasceram na mais terrível e brutal das misérias, na mais imunda das humilhações e na mais absoluta desgraceira, às quais, não lhes restou e não lhes resta outro caminho a não ser o dessa carnificina sem fim contra o Outro e contra Si Mesmo. E que os almofadinhas e os petimétres não me venham dizer novamente que essas crianças constituem apenas um exército nato de vagabundos e de delinquentes, ou então, que a miséria, a humilhação, a desqualificação, o desafeto, o desamparo, a desgraceira inominável a que essas crianças, seus pais e avós foram submetidos durante décadas e que ainda o são, não têm nada a ver com a violência. Têm sim e inclusive a justifica. Qualquer um de nós que tivesse sido submetido a tão abominável destino, teria enveredado pelo mesmíssimo abismo...

Um comentário: