terça-feira, 7 de junho de 2011

Sobre um pretendido direito de mentir por humanismo (Kant)



Nos últimos anos voltei várias vezes a leer Sur un prétendu droit de mentir par humanité, trabalho de Emmanuel Kant, 1797, numa tentativa de acalmar minha fúria com relação às mentiras políticas e às que vêm diariamente embutidas na Publicidade e na Propaganda, nessas duas escolas de mentirosos e de cínicos. O resultado, como se percebe, não tem sido lá grande coisa! O governo diz descaradamente – por exemplo – que reformou as escolas e os postos de saúde, vou conferir e constato que é tudo mentira. A publicidade enganosa permanece no ar, segue sendo exibida pela mídia, juntamente com outras sobre automóveis, café, aço, comidas, remedios, cursos, viagens, sapatos, seguros, jornais etc, etc. Tudo falso e mentiroso, algo já previsto, uma vez que a propaganda nunca foi mais do que um território ignóbil de trapaças e gerenciado por crápulas. Nossos produtos isso! Nossos produtos aquilo! Nosso governo isto, nosso governo aquilo! Tudo mentira! Da igreja ao bordel, do público ao privado, da putaria à purificação do espírito, da ética à prédica… Sempre a mesma horda de porcos chouvinistas que vai com suas mandíbulas grunhindo, devorando tudo e rindo por onde passa.. Rindo? Sim, rindo. É imune à critica, acredita que tudo isso é normal e que a publicidade faz parte do show. Normal? Mas como? A sociedade é assim mesmo, respondem. O povo precisa desse veneno propagandistico, precisa iludir-se, prefere morrer enganado, intoxicado e febril do que sóbrio e torturado pela consciência… A mentira como tempêro para a condição humana. Como álibi imundo forjado pelas contrações estomacais, como uma falsificação do próprio rosto… Um ópio secreto injetado no Outro e em si mesmo… Eu minto, tu mentes ele mente! Propaganda: arte de propagar mentiras! Usina de falsificações, religião do engano, da má indole e a alma dos negócios. Vilania coloquial! Vomitório! Pênico! Escudo! Relho! Antesala da infâmia! Protocolo do escárnio! Covil de dissimulados! Triunfo da ambiguidade! Mãe do estupor! Academia de repugnância! Aos otimistas e aos crentes só lhes resta rezar. Rezar? Sim, mas mesmo assim com uma certa dificuldade pois, parafraseando a Cioran, como rezar em português, num idioma de onde já foram engendradas tantas inverdades? É, parece cada dia mais evidente que qualquer crente pode dirigir-se a uma abóbora ou a deus com veemência e em todas as línguas, menos na nossa!!!

E já que estamos falando em Cioran e em Almas Pervertidas, para dar um clima poético a estes insultos, reproduzo aqui uma frase de d’Emily Dickinson, mencionada na página 828 dos Cahiers de Cioran, que diz: A alma escolhe a sociedade que lhe convém e fecha a porta. (“The soul selects her own society then shuts the door”)

6 comentários:

  1. Magnifique, mon chér! Você tirou todas as palavras da minha boca neste artigo... Hoje estava pensando, como é que se pode reagir a tudo isto que acontece conosco aqui no Brasil? Uma escova de cabelo custa R$23,oo aqui e a mesma escova em outro país da America do Sul custa R$9,00? Para onde estamos sendo conduzidos passivamente?

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  2. Não vejo razão pra tanta indignação.

    As pessoas acreditam nas mentiras porque é o caminho mais fácil. Esse jogo sempre existiu e sempre vai existir.

    Se fosse diferente, um mundo com 7 bilhoes de lúcidos, estariamos extintos a muito tempo.

    Cabe a cada indivíduo compreender a dinâmica do processo e se colocar onde acha melhor.

    Lutar contra Dominados e Dominates em favor do interesse daqueles é inutil e demagógico.

    A vida é curta e passa rápido. Aproveite a taxa(legítima) que se ganha por administrar o populacho e use-a para aproveitar o pouco tempo que resta.

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  3. Ainda bem que existem os que não se cansam de sentir indignação!
    Assim, podemos perceber a preciosidade dos dois textos em tela: (1) o da visão Bazziana, perfeita e lúcida, e (2) os Cantos de Maldoror, a nos permitirmos identificados com os que "tienen sed insaciable de infinito, como tú, como yo, como todos los otros humanos de rostro pálido y alargado..."

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  4. Indignação no post não vincula a qualidade dos textos do Bazzo. Fã #1 do autor, do blog e dos livros.

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  5. TÉCNICA MILITAR DE ISOLAMENTO SOCIAL E TORTURA PSICOLÓGICA (PARTE 1)

    1 – O ALVO: primeiro estuda-se o alvo - passado e presente – desde o nascimento até os dias atuais. Faz-se um levantamento de tudo o que possa estar relacionado ao alvo, e desenha-se a rede de seus relacionamentos – o Diagrama de Pessoas e Lugares: parentes, amigos, conhecidos e “inimigos”;

    2 – SOCIAL: Repetir o processo acima para cada integrante da rede do alvo, e verificar os pontos de vulnerabilidade de cada um. Dependendo do perfil e da informação adquirida de cada integrante, pode-se aplicar a técnica de coação através da chantagem, ou oferecer um benefício em troca de um favor, e esse favor poderá ser: o afastamento, a aproximação, a difamação, assédio, ou hostilizar o alvo. Manter o alvo sob constante monitoramento, e aplicar os passos acima para qualquer um que se aproximar;

    3 – TRABALHO:
    a) O RH – Recursos Humanos implanta informações distorcidas sobre o alvo, convencendo os empregados que o alvo é uma ameaça à empresa. Incitar todos os empregados a odiar e assediar o alvo, por meio da técnica de revezamento: a cada semana um determinado grupo irá desprezar e hostilizar o alvo;
    b) Ócio: deixa-o sem nenhuma tarefa, ou se designa tarefas que são incompatíveis com o seu cargo;
    c) O gerente causa constrangimento do alvo perante os demais empregados, humilhando-o em público;
    d) Os empregados criam uma fictícia “rede de intrigas” entre eles para que o alvo possa se “apoiar”;
    e) O gerente hostiliza o alvo, e cobra-lhe intensamente o cumprimento de seu horário dentro da empresa;
    f) Monitora-se e restringi todos os meios de comunicação do alvo: rede de computador, internet, telefone...
    g) Exclui-se o alvo de qualquer atividade social da Empresa;
    h) “Planta-se” pessoas como se fossem empregados, dentro da Empresa, com cargos fictícios, para se relacionarem e desestabilizarem emocionalmente o alvo;
    i) Desestabiliza e isola o alvo até o total descontrole emocional.

    4 - RELACIONAMENTOS: todos “plantados”. As pessoas que são plantadas são orientadas e monitoradas por psicólogos, e treinadas para conquistar, conviver e isolar socialmente o alvo, que nessa altura, já foi deveras analisado. Essas pessoas são de classe social mais baixa que recebem treinamento e recursos, como: imóvel mobiliado, veículo, vestuário, família e amigos fictícios, e aprendem a seduzir o alvo, em troca do tal benefício que pode ir desde um emprego até um imóvel. Após o período de sedução o “plantado” começa a hostilizar e torturar o alvo para acabar com a sua auto-estima, e para poder sair fora, porque esse tipo de relacionamento tem prazo para terminar. Os recursos utilizados nesse processo, assim como nos demais, são oriundos dos empresários, que os disponibiliza em troca de interesses e/ou benefícios políticos;

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  6. TÉCNICA MILITAR DE ISOLAMENTO SOCIAL E TORTURA PSICOLÓGICA (PARTE 2)

    5 – CURSOS E TREINAMENTOS: quando o alvo se inscreve em um curso, assim como qualquer outro tipo de atividade, irá utilizar um meio de comunicação para fazê-lo que poderá ser telefone ou internet, e que estará “grampeado”. Nesse momento um “agente recrutador”, que deve ser um político ou a própria empresa em que o alvo trabalha, convida um pool de comerciantes ou empresários para efetuarem a matrícula de alguns de seus empregados no mesmo curso, orientado a isolar e hostilizar o alvo em sala de aula, em troca de benefícios fiscais, obras e serviços.

    6 – FAMÍLIA: tenta-se extinguir o maior número possível de seus membros sem deixar rastro. A forma mais habitual é em caso de internações hospitalares, doenças graves, inserção de drogas prejudiciais, e na falsificação de diagnósticos de exames. Se o alvo for casado, destrói-se o casamento. Se ainda não tiver filhos, anula-se essa possibilidade com cirurgias. Se estiver grávida, mata-se a criança ao nascer. Para os membros da família que restar aplica-se os itens 1 e 2.

    7 – BENS: tenta-se dilapidar tudo o que o alvo possuir ou for adquirir. Qualquer tipo de aquisição sofrerá intervenção externa para que o alvo tenha prejuízos, desde a simples compra de uma cadeira até um imóvel. Sabotagens em contas, veículo e residência são muito usuais nesse caso. Os saques e contas bancárias são totalmente monitorados. O objetivo é falir financeiramente o alvo, e deixá-lo sem nenhum recurso.

    8 – SAÚDE: O alvo terá que contar com a sorte e com muita intuição, porque é através da saúde que tentarão eliminá-lo. Todo e qualquer profissional da área de saúde será interpelado antes que o alvo se consulte, e como quase todo homem têm o seu preço, aceitarão benefícios para prejudicá-lo. Nessa técnica de tortura, a intenção é se livrar do alvo por meio do desequilíbrio emocional, aguardando o seu ponto de ruptura, e o posterior suicídio do alvo. Não se pode descartar que qualquer tipo de internação é uma facilidade.

    9 – JUSTIÇA: As informações plantadas e distorcidas pelo poder político-militar, convencerão a Segurança Nacional que o alvo é uma “ameaça” ao Estado, assegurando o “motivo” para estar sempre sob investigação e monitoramento, deixando qualquer sentença judicial impetrada pelo alvo, suspensa, sem direito a qualquer tipo de denúncia ou defesa. Todo e qualquer tipo de violência e ilegalidade poderá atingir o alvo porque estará sob a impunidade do próprio Estado.

    10 – ESTRATÉGIA: Durante esse processo haverá três tipos de pessoas que estarão em torno do alvo:
    a) Os que fazem parte do processo de tortura, e tentarão fazer de tudo para confundir o alvo sobre a veracidade dos fatos, tentando induzi-lo a acreditar que ele está fantasiando a realidade; e
    b) Os que não fazem parte do processo, e que serão induzidos a pensar que o alvo sofre de algum tipo de alucinação ou desequilíbrio mental;
    c) O próprio alvo, que consciente de todos os fatos, do isolamento, e da realidade que se apresenta, tentará compor provas do esquema ao qual foi submetido por meio de fatos, fotos e gravações.

    QUANTO TEMPO ALGUÉM SUPORTARIA VIVER SOB ESSAS CONDIÇÕES?
    BEM, ESTOU SOB ESSE PROCESSO DESDE 1996, QUANDO TRABALHEI NO GOVERNO FEDERAL, E RECUSEI PARTICIPAR DOS ESQUEMAS ILÍCITOS DO GOVERNO, MAS NÃO SEI QUANDO SERÁ O MEU PONTO DE RUPTURA...
    MEU NOME É MÔNICA PRADO TORRES, EU JÁ PERDI QUASE TUDO: FAMÍLIA, PROFISSÃO, AMIGOS, LAR, BENS, DIGNIDADE, MAS ENQUANTO EU RESPIRAR RESTA-ME UMA ESPERANÇA...

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