terça-feira, 28 de setembro de 2010

A falácia daquilo que eles prometem...

“Vamos erradicar a pobreza!” Como? Fuzilando oitenta milhões de fodidos?

“Vou aumentar o salário mínimo para 600!” O nome é tão vil quanto o valor. O salário “mínimo” só deveria ser praticado numa situação extrema de guerra, de peste ou de falência generalizada da economia.


“Vou colocar dois professores em cada sala de aula!” Pior ainda. Se um já faz tanto mal e causa tantos transtornos às crianças imaginem dois.


“Vamos investir 10% do PIB em educação!” Ah, então nas próximas décadas o adestramento será completo.


“Seremos o segundo maior país produtor de petróleo do mundo. Seremos uma Arábia Saudita tupiniquim!" É mesmo? Então será pior para nosso ar, para nossos mares e rios. Pobres de nossos pulmões! Um governo decente faria tudo para deixar esses fósseis nojentos e putrefatos lá no fundo da terra onde se encontram.


Vamos investir bilhões e bilhões em hospitais!" Ora, nada é mais reacionário, insalubre e iatrogênico de que um hospital. Não deveria existir mais de um ou dois em cada país e apenas para intervenções ultra-complexas. Não é novidade que a saúde hoje está pior do que quando se usava chá de quebra-pedra para todos os sintomas. E se houve algum progresso foi muito mais por conta do sabão e da creolina do que pelos "doutores" e pelas multinacionais de medicamentos. 


“Vamos disponibilizar remédios gratuitos para diabetes e para hipertensão!” Ora! Isso é uma idiotice! Seria muito mais fácil e barato obrigar a indústria a reduzir a quantidade de sódio e de açúcar com os quais envenena todos os alimentos. 


“Vamos fragmentar as grandes propriedades, dividir os rebanhos, enforcar os fazendeiros na porteira de seus latifúndios!” Tudo bem, mas quem é que tem culhões para isso?


“Vamos investir pesado em programas que garantam a dignidade e o respeito aos velhos da terceira idade!” E quem disse que todos os velhos merecem respeito?


“Não vamos dar tréguas à corrupção!” Venho ouvindo essa frase desde os seis anos de idade quando meu pai ligava o rádio, acendia um charuto e ficava atento às baboseiras de Getulio ou de Lupion.


“Podem votar no fulano que eu conheço! Esse é um homem digno! Está na luta há décadas e continua pobre! Esse tem nome limpo e eu recomendo! Etc,etc.Para quem já freqüentou um bordel é impossível não lembrar logo do discurso das cafetinas.

 
“Vamos construir saneamento básico pelo país a fora!” Duvido. Tudo indica que existe uma complexa e secreta relação entre política e esgotos a céu aberto.


"Farei tudo por esta cidade que amo, sempre ao lado de Nossa Senhora e do Menino Jesus!" (Sem comentários!!!)


“Nosso partido é contra o aborto!” Lógico! Pelo mesmo motivo que é contra a foda! No íntimo é também contra a vida!


“Vamos combater radicalmente o crack!” Ora, o crack é apenas o veículo através do qual legiões e legiões de desenganados se suicidam diariamente. Oferecer-lhes em troca do cachimbo um par de chinelos, uma sopa, um cobertor, uma bíblia ou um folheto de bons costumes é um sarcasmo ou no mínimo uma piada.


“Nosso partido reconhece as igrejas como parceiras e o papel fundamental delas para a paz social e para a o progresso humano!” Não precisava nem falar. Há quinze dias foram pedir benção aos rabinos da sociedade israelita de SP e nesta semana submeteram-se aos “altos questionamentos” da cúria metropolitana na Universidade Católica do DF. Se tivesse tempo iriam às mesquitas, às casas de umbanda, aos centros satânicos e até ao escritório dos lunáticos do Universo em Desencanto.

Ezio Flavio Bazzo

sábado, 25 de setembro de 2010

Como dizia um velho espírita: se sopras a brasa ela se acende, se a cobres de cuspe ela se apaga. Tudo acontece através da boca...

 Nesta semana uma pesquisa estrangeira indicou o Brasil como sendo o segundo país mais otimista do planeta só perdendo para a China delirante. E isto com todas as nossas desgraças cotidianas, com toda a roubalheira, com todo o misticismo, com a predominância dos “fichas sujas”, com um judiciário que se camufla no “empate”, com 90% das cidades e vilas sem bibliotecas, sem saneamento básico, com as escolas caindo, com os hospitais em pedaços, com os serviços de quinta qualidade, com as cadeias e os presídios lotados, com os pobres engordando como porcos e com centenas de homicídios bárbaros todos os dias. Aliás, a cidade do Recife acaba de instalar numa esquina da Praia de Boa Viagem (Joaquim Nabuco com Guilherme Pinto) sabem o que? Um relógio Contador de homicídios. O primeiro da história! Imaginem então a que grau patológico chegaria nosso otimismo se fossemos uma sociedade minimamente saudável e minimamente organizada. Essa babaquice otimista não lhes parece uma coisa de outro mundo? Algo assim como um transtorno de ordem genética??? Quem é que não está cada dia mais convicto de que os "búfalos" se apropriarão completamente da terra???  

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

As eleições, a propaganda, o voto e o sabão em pó...

Os gerentes do processo eleitoral estão euforicamente gastando fortunas em publicidade para convencer aos eleitores de que “devem votar” e votar “bem”! Votar “conscientes” naqueles candidatos que “melhor representem seus desejos”, naqueles que sejam “éticos”, que “não tenham ficha suja” etc., etc. Ora, puro jogo ilusionista e obsceno! Na verdade, as opções que os eleitores têm nesta terra “remissa e relaxada” – como dizia Anchieta - não são muito diferentes das que tem uma dona de casa quando vai ao mercado da esquina comprar sabão em pó. A liberdade que o gerente lhe garante é apenas a de, na mesma prateleira optar entre uma caixa de Omo, ou uma de Minerva; entre uma de Ace e uma de Brilhante. Ou não? E desde quando essa submissão  pode ser considerada livre escolha ou exercício de soberania? Desde quando essa opção tem alguma coisa a ver com liberdade? Pelo contrário, se parece bem mais à servidão, principalmente porque sabemos que a química de todos eles é a mesma e que só mudam realmente as embalagens e os nomes de fantasia...
E o mais dramático dessa idiotice é saber que não adianta espernear. O dia-a-dia não se cansa de nos mostrar que a vitória nunca será do desejo, mas sempre e sempre do que há de mais tirano, de mais vil e de mais desprezível nos instintos...

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

PEDOFILIA: pouca gente lembra que Papa é a conjugação do verbo papar na terceira pessoa...

Enquanto o Papa – por orientação de seus marqueteiros - vai dando a volta ao mundo e pedindo perdão às crianças enrabadas por “membros” do clero, nas paróquias daqui e dali, nas periferias, nas províncias e nos vilarejos de analfabetos, indiferentes a todo o teatro papal os padrecos continuam papando criancinhas, coroinhas e até mesmo algumas desavisadas beatas. Os ingressos para a missa que rezou em Birmingham custaram mais de trinta dólares. Que tal a nova forma de busine$? Sua permanência na Inglaterra não foi muito tranqüila, principalmente depois de cinicamente tentar ligar os ateus ao nazismo. No vídeo abaixo podemos ver o biólogo Richard Dawkins (autor do livro Deus um delírio) relembrando-lhe algumas verdades:



domingo, 19 de setembro de 2010

A ARTE DE PERSCRUTAR E DE DRIBLAR A MONOTONIA DO MUNDO...

Tive um sentimento curioso agora à tarde ao deparar-me com esse homem de olhar veloz e enigmático (clique sobre a foto para ver melhor sua expressão) recolhendo latas, garrafas e outras porcarias numa feira da cidade. Ia com sua bengala e com seu saco, recolhia algo aqui, algo ali, sentava-se uns minutos, perscrutava o mundo, acendia um cigarro, dava uma ou duas  longas e intermináveis baforadas, cumprimentava outros andarilhos e prosseguia sua marcha, quase  em estado onírico. Por coincidência havia lido pela manhã, na página 148 da Cabala do dinheiro um texto de I. L. Peretz sobre a chegada ao céu de um sujeito mais ou menos como ele que recolhia lixo nas ruas, que em vida jamais havia entrado em discórdias com quem quer que fosse e que ao morrer fora enterrado como indigente. A história usada pedagogicamente pelos rabinos é mais ou menos assim:
[Nos céus há um enorme alvoroço. Nunca haviam recebido tão ilustre alma, e todos acorreram ao tribunal celeste para receber aquela figura tão pura. O próprio Criador fez questão de oficiar o julgamento, enquanto o Promotor Celeste se contorcia de ódio pela causa que já percebera perdida. Bontche foi então trazido diante dos anjos, do Criador e do Promotor, que foi logo desistindo de fazer qualquer acusação. O Criador tomou então a palavra e, elogiando Bontche, lhe disse: “Tão maravilhoso foste em tua vida que tudo aqui nos céus é teu. Basta que peças e terás de tudo. Vamos, o que queres, alma pura?” Bontche olhou então com desconfiança e, tirando o chapéu, disse: “Tudo?” “Tudo!”Respondeu o Criador. “Então eu queria um café com leite e um pãozinho com manteiga”. Ao revelar isto, a decepção tomou conta dos céus. O Criador sentiu-se envergonhado e o Promotor não conteve sua risada. Bontche não era um justo – era um simplório].

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Observem como atrás de um Grande Corrupto sempre existe uma Grande Corrupta!

Nego peremptoriamente! Simplesmente nego! São apenas calúnias! E vamos apurar com o rigor mais profundo! A apuração mais rigorosa! Ah, isto é uma calúnia contra mim, contra minha família e contra minha honra! Querem ferir minha honra...

Ferir minha honra! Abrir uma chaga na minha honra! Não parece até uma oração de Santa Teresa D’Ávila!


Ah, e como é que ficam os homenzinhos babacas que passaram suas vidas idolatrando e idealizando o universo feminino, acreditando que a delinqüência, o mau caráter e a corrupção eram formas de perversão essencialmente masculinas? Que a testosterona seria a condição crucial para o Ato? No meio de um cataclismo de bandidagem feminil tiveram que  testemunhar sua aparição, cada vez mais autoritárias e em massa com seus impulsos turbinados e incontroláveis lotando rapidamente os presídios. A pergunta que se poderia fazer a qualquer um desses intelectuaizinhos de plantão seria: E agora? Como render honras funerárias a um malentendido? Como amparar-se à sombra do vazio?

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Les dieux aiment la profondeur et non le tumulte de l'âme (Wordsworth)

Se uma cólica, uma ameaça de derrame, uma perna destroncada ou coisa parecida te fez passar o final de semana em casa, com certeza pudeste ver o Programa Eleitoral Gratuito, não é? Ah, então agora estás mais consciente e mais sábio do que nunca! Não é verdade? Sim, são todas pessoas novas na Política, com idéias brilhantes e transcendentes! Não é verdade? Tudo gente idealista e recém entrada no métier, todos cheios de vitalidade e de amor para com o populacho! Não é verdade? Um pouco mais tarde é provável que tenhas visto também um outro programa dominical tão ilusionista quanto o dos candidatos onde um bando de dementes fazia apologia barata e descarada ao charlatanismo do pobre Chico Xavier. Que tal? Estás entre os 87% que apostam no éter cósmico? Ao término dessa massificação bovina, como era de se esperar, entrou no ar outro latus senso da idiotice nacional e deu continuidade à comédia e ao embuste relacionado ao mesmo defunto. Uffa!!! Quando a madrugada, repleta de espíritos, de almas penadas e de encostos finalmente já ameaçava descer sobre o mundo, então fostes (merecidamente) repousar, convicto de que teu voto é o signo máximo de tua cidadania e profundamente seguro de que em algum lugar das galáxias alguém monitora tua porca existência, lugar onde esse teu mísero cérebro encontrará amparo e perdão. Não é verdade? Povera gente!!!



Obs: A quem possa interessar, o documentário em anexo ilustra outras demências análogas.



segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Carla Bruni, Sarkozy e os ciganos (2)

Zigenar, em suéco; Zeginer, em suíço alemão; Zeyginer, em alsaciano; Tchinghiane, em turco; Aciuganon, em búlgaro; Ciganin, em sérvio; Cygan, em polonês; Cycan, em russo; Czingany, em húngaro; Cigonas, em lituano; Tsigane, em francês; Zíngaro, em italiano; Gitanos, em castelhano; Cinganus, em latin medieval e cigano, em português. (Fonte: L’holocauste oublié - le massacre des tsiganes - , Christian Bernadac, Éditions France-Empire, 1979, Paris)

sábado, 11 de setembro de 2010

Carla Bruni, Sarkozy e os ciganos... ( 1 )

Se no mês passado o presidente Nicolas Sarkozy já teve que suportar as manchetes dos jornais iranianos acusando sua mulher de ser uma "cortesã”, com a expulsão em massa dos ciganos do território francês, provavelmente terá de ouvir os mesmos “elogios” também a respeito de sua mãe, agora advindos da boca dos ciganos. É evidente que está sendo uma babaquice essa “deportação”, uma babaquice não apenas política, mas cultural e até turística, pois qualquer um sabe que parte do exotismo e da beleza de Paris – por exemplo – se deve aos ciganos, aos nômades, aos apátridas, a essa gente que se negou a ter uma língua cigana escrita, a esses cidadãos do mundo com suas tralhas, seus dentes de ouro, seus truques, seus violinos, suas ervas, seus cavalos, suas navalhas e suas sabedorias. Quem é que consegue esquecer a voz e o olhar da cigana que mendiga em Champs Elysees?

- S'il vous plait monsieur, je suis refugie de Roumanie...

Quem conseguiria apagar de sua memória os gestos e a coreografia daquela que está decodificando la mala y la buena suerte sob os umbrais da antiga Sorbone? Qual é o fotógrafo que ficaria indiferente à romaria cigana para a Catedral de Chartres e à expressão de uma anciã com a imagem de Sara (a Santa negra dos ciganos) nos braços? Quem é que esquece o ciganinho de dez anos empunhando seu violino no metrô de Les Halles e executando uma canção da Bulgária? Ou o elegante batedor de carteira na entrada de um magazin com roupa, bengala e chapéu de lorde? Aliás, até o Chaplin tinha origens ciganas. Não é novidade que les tsiganes et les bohemes sempre causaram alergia ao establishment francês, tanto é que já em julho de 1682 o rei de plantão assinou uma famosa Declaração contra eles e que mais recentemente também iriam passar aos milhares pelos fornos nazis. Se não fizeram disso sua bandeira de sobrevivência (como os judeus) talvez tenha sido, simplesmente, porque a idéia do perdão, das indenizações e de uma pátria lhes cause repugnância.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Isto está sob segredo de justiça! Isto é sigiloso! Isto fica entre nós! Em boca fechada não entra mosca! etc.,etc...

A recente quebra do “SIGILO” fiscal de algumas pessoas com sua devida repercussão nacional e unânime indignação tem feito muita gente refletir pela primeira vez e obsessivamente sobre essa palavra esquisita e de origem suspeita. Afinal, o “sigillu” é para interditar o mau caratismo do outro contra mim ou para ocultar o meu mau caratismo e minha desonestidade para com os demais? Observe como por trás ou por debaixo de tudo aquilo que você exige que seja “sigiloso” ou mantido em segredo existe sempre uma falcatrua, uma traição, um golpe, uma desonestidade, algum tipo de ato miserável contra outro Ser de tua espécie ou mesmo de outra. Não lhe parece evidente que uma sociedade ou mesmo uma civilização que dá tanto valor ao “sigilo” (seja fiscal, bancário, telefônico, médico, sexual, confessional, salarial, de justiça ou qualquer outro,) é cínica e descaradamente uma sociedade de crápulas e de falsários, onde, claro, se beneficiarão aqueles que melhor puderem ocultar suas intenções, suas roubalheiras e seus crimes? Ora, e depois, ainda existem sujeitos que se ofendem quando ouvem alguem dizer que apesar do teatro de "soberania" e da ficção de 'liberdade" cada um de nós não é mais do que um amontoado de segredos miseráveis. Mas, pior e muito mais desprezível ainda do que esses tipos de cafajestices, convenhamos, é o fato de sermos sistematicamente adestrados para conviver passivamente com elas...

sábado, 4 de setembro de 2010

A coruja, essa desconhecida...


Um casal de corujas volta todos os anos e cava o mesmo buraco de uns dois metros a uns cinqüenta passos do ambulatório. Desde que amanhece o dia fica lá ao lado da toca e na posição de sentido como dois soldados poloneses. De vez em quando um filhote coloca a cabeça para fora e fica olhando desconfiado e fascinado com todos os mistérios e teoremas que a partir de alguns dias terá que decifrar. Sim, nascer – diria um escritor argentino – significa um pacto monstruoso, mas estar vivo é a única maravilha possível! Por ter saído do ovo no território de um hospital, com certeza terá uma visão mais amarga, mais doentia e mais dolorosa do mundo. Ou não? Consideradas por muitos esotéricos e por todo tipo de crentes o símbolo da desgraça, do sinistro, do ocultismo, das trevas e da morte, as corujas parecem provocar conscientemente os pacientes, os médicos e outros anônimos que circulam dia e noite por aqui. No interior das lentes seus olhos estão a uns centímetros dos meus e saber que são cem vezes mais potentes me causa certo desconforto e a idéia infantil de péssimo agouro e de mau presságio... Cuidado! Cuidado! Resmungaria Nietzsche, se olhas para o abismo o abismo também olhará para ti! Os gregos a tinham como o signo da sapiência e da sabedoria, tanto é que a deusa Atena sempre era representada com uma aos ombros. Apesar de não se importarem com minha proximidade e nem com o clic de minha câmera, aos mais sutis ruídos de outro animal, giram o pescoço a 270 graus e turbinam por instantes a ansiedade e a vigília. Quando criança ouvia dizer que o pio das corujas sobre os telhados ou sobre os campanários das igrejas era desgraça certa. Por coincidência, ou não, nos dias subseqüentes sempre morria uma velhinha aqui, um bandido acolá, tombava um ônibus, disparava acidentalmente uma espingarda, alguém quebrava uma perna, caia um meteorito sobre uma vaca, etc... Crendices e idiotices de uma espécie atordoada e condenada irremediavelmente ao envelhecimento, à doença e à morte.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Mañana es siempre otro dia... (O es siempre y siempre lo mismo?) III.

Existe um escritor, filósofo e pensador brasileiro que ninguém da trupe que conheço se atreve a ler e muito menos dizer em público que o está lendo. Independente de seus valores e crenças – dizem que já foi “comunista” e que hoje é outra “coisa” – seu texto é o que existe de mais lúcido, erudito, dialético, brilhante e corajoso na atualidade isto, sem falar da leveza literária. Me refiro ao Sr Olavo de Carvalho. Odiado por quase todas as facções nacionais, seus conceitos sobre a política, sobre a academia, sobre a cultura de massas, sobre a imprensa, sobre a filosofia, sobre a espécie (com suas misérias) etc., são de arrepiar. Emito esta nota sobre ele com o volume II de seu livro O IMBECIL COLETIVO aberto sobre o sofá. Abaixo, alguns dos trechos sublinhados:

“É de ti, caro amigo, da tua presunçosa inconsciência “politicamente correta” que brota a substância corrosiva que os apóstolos do mal empregam para destruir todos os valores que se opõem à expansão ilimitada do seu poder. Eles têm o dinheiro e os planos, mas a criatividade dos meios é tua. Eles estupram, mas é teu o braço que prende a vítima”.

“Entre a língua escrita e a língua falada no Brasil, o abismo é cada vez mais fundo”.

“No Brasil, um aviso que circule por escrito não surte efeito: é preciso repeti-lo em voz alta. O escrito não tem persuasividade, seu conteúdo parece vago e distante porque, sem a estimulação auditiva, o corpo não é sacudido o bastante para dar à inteligência entorpecida um sentimento de realidade”.

“A decadência do jornalismo brasileiro após vinte anos de estupidez direitista e quinze de besteirol esquerdista, reduzido enfim a uma pasta verbal insossa, onde a menor reação pessoal, mesmo humorística, soa como um tiro num corredor de hospital”.

“O espiritismo tornou-se entre nós quase uma religião nacional décadas depois de o prestígio de Allan Kardec e das irmãs Fox ter-se eclipsado no mundo”.