quarta-feira, 5 de novembro de 2008

"O porvir de uma ilusão"


Independentemente das mudanças que venham efetivamente acontecer naquele país e no seu entorno, a vitória do Barach Obama, como era de se esperar, vem funcionando sobre o velho espírito messiânico das massas como um potente lenitivo.


- Haverá de chegar alguém, um dia, para anunciar a Boa Nova! Um Novo Tempo e uma Nova Era! (Seja um torneiro mecânico, um judeu, um muçulmano, um home-less, um negro etc.).

O tempo e a história ainda não foram capazes de ofuscar nos seres esse arcaico maniqueísmo e nem essa mística esperança de renovação. Dentro de cada patriota estrebucham ainda o bode expiatório e o bode emissário. Os últimos séculos foram regidos por essa mesma distorcida e desesperada visão da condição humana, e por essa necessidade neurótica de transitar, a qualquer preço, da esperança ao niilismo e da idealização à decepção.

Ezio Flavio Bazzo

Um comentário:

  1. ah, eis o movimento pendular do sacrifício. sim, tens razão, ora pende ao niilismo, ora pende para a decepção. o mais medíocre é que esse movimento só é garantia e defesa do futuro. nada é para agora. tudo é esperança. os esperançosos vivem miseravelmente alegres e terrivelmente confiantes. e assim a autoridade segue falando, reprimindo, submetendo e, pior!, segue sem desistir de todo ideal.

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